Criança ferida em Paraisópolis corre risco de cegueira, diz advogado

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Hospital das Clínicas investigará possíveis sequelas em criança ferida no olho durante ação policial em Paraisópolis

Um menino de sete anos, ferido no olho durante uma ação da Polícia Militar na comunidade de Paraisópolis, corre o risco de perder a visão. O advogado da vítima, André Lozano, compartilhou a informação com o G1, destacando a necessidade de exames para avaliar as possíveis sequelas. No entanto, devido ao acúmulo de sangue no olho, ainda não foi possível realizar a investigação completa no Hospital das Clínicas da FMUSP.

Desde 17 de abril, o menino está internado no Hospital Municipal do Campo Limpo, onde seu estado de saúde é estável, mas sem previsão de alta. Os exames no Hospital das Clínicas são cruciais para determinar a extensão dos danos e o potencial impacto na visão da criança.

“Existe, sim, o risco de perder a visão, tanto totalmente quanto parcialmente, mas a gente só vai ter certeza de que vai ter sequela ou não quando for feito o exame. Não conseguiram fazer o exame porque ainda tem muito sangue no olho”, explicou Lozano.

O caso está sob investigação tanto pela Polícia Civil, através do 89° Distrito Policial, quanto pela própria Polícia Militar, que conduz um Inquérito Policial Militar (IPM). As autoridades estão reunindo depoimentos, laudos periciais e análises de imagens para esclarecer os eventos que levaram ao ferimento da criança.

A ação policial que resultou no ferimento ocorreu quando a criança e sua mãe estavam a caminho da escola e foram surpreendidas por um tiroteio entre policiais militares e suspeitos. A vítima foi atingida provavelmente por estilhaços de um projétil durante o confronto, conforme indicado pela equipe médica que a atendeu.

A versão oficial registrada no boletim de ocorrências afirma que a criança apresentava ferimentos na cabeça e foi socorrida para a AMA Paraisópolis e, posteriormente, para o Pronto Socorro do Hospital do Campo Limpo. No entanto, contestações surgiram sobre a origem dos ferimentos, com diferentes relatos entre os envolvidos e questionamentos sobre a conduta dos policiais durante e após o incidente.

Enquanto o governador Tarcísio de Freitas negou que houvesse uma operação especial da Polícia Militar no momento do tiroteio, o advogado da vítima e moradores da comunidade expressaram preocupação com a segurança das crianças na região, destacando a necessidade de investigação rigorosa e transparência sobre os eventos ocorridos.

Diante das imagens que mostram policiais recolhendo objetos na rua onde a criança foi ferida, o ouvidor da polícia de São Paulo classificou a ação como uma “tentativa muito grave de fraude processual” e pediu o afastamento dos policiais envolvidos. No entanto, a Polícia Militar defendeu sua conduta, explicando que os policiais estavam apenas sinalizando o local onde projéteis foram encontrados para facilitar o trabalho da perícia.

A complexidade do caso ressalta a importância de uma investigação minuciosa para esclarecer os fatos e garantir a responsabilização adequada, além de reforçar a necessidade de medidas para proteger a segurança e integridade das crianças em áreas afetadas por conflitos armados.

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